Jogos são parte de nossa cultura. Huizinga (Huizinga, 1971) inclusive defende que que jogos são “mais velhos que a cultura”.Desde criança jogamos e continuamos a praticar esses jogos.
Segundo Salen e Zimmerman (Salen & Zimmerman, 2003), “Jogos são sempre jogados em algum lugar, por alguém, por alguma razão ou outra. Eles existem, em outras palavras, em um contexto, um entorno cultural” e ainda “Jogos refletem os valores da sociedade e cultura em que são jogados porque eles são parte do tecido que é a sociedade”. Eles acreditam que “Jogos são contextos sociais para aprendizado cultural”, possuindo uma “dimensão ideológica” (Salen & Zimmerman, 2003).
Não é difícil perceber ideologia e aprendizado cultural nos jogos. Monopoly™ é claramente um jogo capitalista, enquanto City Rain é um jogo de computador que mistura a as dinâmicas de Tetris™ e SimCity™, criado pelo estúdio brasileiro Mother Gaia, claramente motivado por uma perspectiva ecológica.
Jogos que pretendem conscientizar o jogador de um problema nem sempre são divertidos e, justamente por tratar de problemas graves, são algumas vezes incluídos no que chamamos jogos sérios ou jogos com propósito. Dafur is Dying, por exemplo, é um jogo que pode ser extremamente frustrante, pois tem como finalidade mostrar como é difícil sobreviver na situação de refugiado em Dafur.
Jane McGonigal (McGonigal, 2011) parece concordar com a relação entre jogos e cultura quando defende usar os jogos para mudar o mundo. Sua perspectiva é dupla: aprender com os jogos como nosso mundo pode ser mais feliz e também usar os jogos para ensinar as pessoas como construir um mundo melhor. Em World Without Oil, onde foi Participation Architect, jogadores devem relatar sua vida em um mundo pós-crise do petróleo. Difícil de categorizar, pode ser razoavelmente descrito como uma criação coletiva de simulação de uma realidade alternativa.
Huizinga nos lembra também que jogos passam a fazer parte de nossa tradição, sendo passados de geração em geração (Huizinga, 1971). Ele tem dificuldades de separar formalmente os jogos de rituais sagrados. Ambos funcionam em separado do mundo real, em tempo e espaço próprios, possuindo regras e ações especiais.